Aplicar gelo no rosto para tonificar a pele, reduzir o inchaço e a vermelhidão, diminuir as olheiras e controlar a oleosidade. Esta é uma tendência nas redes sociais que parece ter chegado para ficar. Há até quem vá mais longe e utilize fruta congelada por o mesmo fim, por causa dos supostos benefícios das vitaminas das frutas.

Mas será esta técnica eficaz? Quais os perigos associados a esta prática? Existem métodos mais seguros para chegar ao mesmo objetivo? Em declarações ao Viral, Aliya Nurdin, dermatologista da Personal Derma, esclarece todas as dúvidas.

Aplicar gelo no rosto pode ter benefícios?

Segundo Aliya Nurdin, a aplicação de gelo ou de “qualquer coisa fria” vai fazer com que os vasos sanguíneos se contraiam “e isso vai melhorar o aspeto da pele, pois vai fechar os poros”.

Além disso, “o gelo também é anti-inflamatório”. Por isso, pessoas que têm “zonas de edema (acumulação de água)”, ou que acordam, por norma, mais inchadas, “se puserem gelo vão diminuir um bocadinho esse inchaço”. 

No mesmo sentido, o gelo também pode ajudar, muitas vezes, “a desinflamar um bocado as lesões típicas da acne”, acrescenta.

No entanto, na perspetiva da especialista, “todos os benefícios associados à aplicação de gelo ou de substâncias geladas são transitórios”. Ou seja, não têm efeitos a longo prazo e duram, no máximo, algumas horas.

Em várias publicações defende-se, por exemplo, que aplicar melancia congelada na pele terá efeitos ainda mais positivos devido ao teor de vitamina C deste fruto. No entanto, Aliya Nurdin explica que não há evidência científica que o comprove.

“A melancia, por exemplo, tem vitamina C e também tem uma substância (o licopeno), que dá a cor vermelho à fruta”, informa. Em teoria, “essas duas substâncias são muito boas, como antioxidantes, para a pele”, defende.

Ainda assim, “como não existem estudos, não sabemos quais são os riscos”. O que se sabe é que “existem muitas frutas com vitamina C, como o limão e a laranja, que podem levar a uma hiperpigmentação pós-colocação”.

Portanto, na visão da dermatologista, “o ideal é mesmo o consumo de fruta”, porque isso, sim, tem benefícios comprovados para a pele. A melancia, frisa, “é muito hidratante”.

Para mais, o consumo deste fruto também pode estimular “a produção de hidroxiácidos, que estão associados à produção de ácido hialurónico”. Isto, por consequência, melhora o aspeto da pele. Mas, mais uma vez, esse benefício só está provado para a ingestão da melancia, e não para a aplicação desta fruta na pele.

Quais os perigos associados a esta prática?

“O gelo aplicado diretamente no rosto pode provocar danos na pele, entre os quais, a queimadura, que pode originar, por consequência, uma hiperpigmentação”, explica a dermatologista. Segundo Aliya Nurdin, esta é uma condição clínica “muito difícil de resolver”.

Ainda assim, existem algumas estratégias para aplicação de gelo na face de forma mais segura. “Por exemplo, recomenda-se enrolar o gelo numa compressa ou num pano”, para não haver contacto direto com a pele. Contudo, sublinha, “nem sempre é muito fácil de executar” esta técnica.

Também se aconselha não deixar o gelo “mais do que mais ou menos 30 segundos em cada zona da face”. Este processo deve ser feito como se fosse uma massagem.

Quem tem de ter mais atenção? “Todas as pessoas com pele sensível têm de ter mais cuidado e eu não aconselho, mesmo, a aplicação de gelo diretamente” na pele, alerta.

Isto porque, nestes casos, “a reação pode ser muito exacerbada, ou seja, as lesões podem evoluir rapidamente”, explica a médica.

Por exemplo, “ao contrário da acne em que o gelo pode ter um efeito anti-inflamatório”, no caso da rosácea pode haver um agravamento do quadro.

Também pode ser perigoso recorrer à aplicação de gelo na cara, se a pessoa tiver “acne associada à rosácea”.  

Quais as alternativas mais seguras?

Pelos perigos que acarreta a utilização de gelo no rosto, a dermatologista sugere algumas alternativas que proporcionam os mesmos benefícios.

Uma boa estratégia, aponta Aliya Nurdin, é colocar os aparelhos que se usa para massajar a pele – como os rolos faciais – no congelador. Assim, “conseguimos um resultado semelhante à aplicação de gelo, sem corrermos o risco de queimadura”.

“Outra alternativa muito interessante é pôr água termal no frigorífico e usar de manhã”, sugere. Obtém-se, de novo, “um efeito refrescante”, sem riscos de lesão associados.

Por último, a médica da Personal Derma refere a colocação de “cremes hidratantes no frigorífico”. “É uma coisa que recomendo muito a pessoas que usam creme de olhos para as olheiras”, sustenta.

Aliya Nurdin esclarece que “o creme, em si, já tem as propriedades para diminuir as olheiras” e o frio potencia ainda mais essas propriedades.

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Este artigo foi desenvolvido no âmbito do European Media and Information Fund, uma iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian e do European University Institute.

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